A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é um instrumento técnico e científico essencial para identificar, avaliar e propor melhorias nas condições de trabalho, com foco na saúde, segurança e produtividade dos trabalhadores. Baseada em preceitos da Ergonomia, a AET é exigida pela Norma Regulamentadora Nº 17 (NR-17) do Ministério Do Trabalho e Previdência do Brasil.
Neste guia definitivo, você encontrará tudo sobre a Análise Ergonômica do Trabalho: desde seus fundamentos teóricos até sua aplicação prática e exigências legais.
O Que é Análise Ergonômica do Trabalho?
A Análise Ergonômica do Trabalho é um estudo técnico que visa adaptar as condições laborais às características psicofisiológicas dos trabalhadores. Ela considera os aspectos físicos, cognitivos, organizacionais e ambientais envolvidos na atividade profissional.
A AET não analisa apenas os postos de trabalho, mas também:
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Tarefas efetivamente realizadas, e não apenas as prescritas.
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Interações entre homem, máquina e ambiente.
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Riscos biomecânicos, psicossociais e cognitivos.
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Estrutura organizacional e dinâmica do trabalho.
Objetivos da Análise Ergonômica do Trabalho
A AET busca promover um ambiente mais seguro, eficiente e saudável. Seus principais objetivos são:
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Reduzir doenças ocupacionais, como LER/DORT.
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Aumentar a produtividade com conforto.
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Evitar afastamentos e absenteísmo.
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Melhorar a interação entre trabalhador e sistema produtivo.
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Atender exigências legais, especialmente da NR-17.
Fundamentação Legal: AET e a NR-17
A NR-17 estabelece parâmetros mínimos para adaptação das condições de trabalho às características dos trabalhadores. Ela exige a realização da AET nas seguintes situações:
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Sempre que forem identificados riscos à saúde do trabalhador.
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Quando solicitada pelo auditor fiscal do trabalho.
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Na implementação de novos processos produtivos.
A AET deve conter:
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Análise das tarefas executadas.
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Descrição do ambiente físico de trabalho.
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Levantamento de riscos ergonômicos.
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Propostas de melhorias e adaptações.
Etapas da Análise Ergonômica do Trabalho
A realização da Análise Ergonômica do Trabalho envolve diversas etapas metodológicas, que garantem precisão técnica e validade dos resultados.
1. Diagnóstico Inicial
Nessa fase, é feita uma imersão no ambiente de trabalho. São coletados dados iniciais sobre o processo, estrutura organizacional, postos de trabalho e indicadores de saúde dos colaboradores.
Ferramentas utilizadas:
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Entrevistas com trabalhadores e gestores.
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Questionários de avaliação ergonômica.
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Checklists de conformidade com a NR-17.
2. Observação Direta e Filmagens
São observadas as tarefas reais executadas pelos trabalhadores. Essa etapa envolve registro em vídeo e fotos, análise da postura corporal, frequência de movimentos, esforços físicos e pausas.
3. Análise Técnica
Aplicam-se métodos quantitativos e qualitativos, como:
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OWAS (Ovako Working Posture Analysis System)
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RULA (Rapid Upper Limb Assessment)
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NIOSH Lifting Equation
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Checklists de ergonomia cognitiva e organizacional
4. Identificação de Riscos
A equipe técnica avalia:
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Riscos biomecânicos (peso, repetição, postura).
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Riscos organizacionais (carga mental, ritmo, controle).
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Riscos ambientais (ruído, iluminação, temperatura).
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Interfaces homem-máquina (painéis, comandos, alertas).
5. Elaboração do Relatório Técnico
O relatório da AET deve conter:
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Caracterização da empresa e dos setores avaliados.
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Mapas de risco ergonômico.
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Registros fotográficos e esquemas dos postos.
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Propostas corretivas e sugestões de melhorias.
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Laudo técnico assinado por profissional capacitado (geralmente engenheiro ou fisioterapeuta do trabalho).
Quando Realizar uma AET?
A Análise Ergonômica do Trabalho deve ser feita:
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Ao implantar novos postos de trabalho.
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Em casos de adoecimento ocupacional.
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Quando há afastamentos frequentes por LER/DORT.
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Após modificações significativas nos processos produtivos.
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Como parte do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Principais Benefícios da AET
A aplicação correta da AET gera impactos diretos e mensuráveis:
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Redução de afastamentos e doenças ocupacionais.
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Aumento da eficiência produtiva.
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Adequação à legislação trabalhista.
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Melhoria no clima organizacional.
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Maior satisfação e motivação dos colaboradores.
Além disso, a AET pode auxiliar em decisões estratégicas sobre:
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Automatização de tarefas.
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Layout de setores.
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Aquisição de mobiliário ergonômico.
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Planejamento de turnos e pausas.
Quem Pode Elaborar a AET?
A AET deve ser elaborada por profissional qualificado, com conhecimento multidisciplinar em:
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Engenharia de produção.
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Fisioterapia do trabalho.
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Psicologia organizacional.
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Segurança do trabalho.
É comum que empresas especializadas em ergonomia ofereçam esse serviço com equipes técnicas formadas por engenheiros, fisioterapeutas e ergonomistas certificados.
AET e Mobiliário Ergonômico
Durante a Análise Ergonômica do Trabalho, muitas inadequações estão relacionadas ao mobiliário, como cadeiras e mesas. Por isso, é essencial que:
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As cadeiras sejam ajustáveis em altura e encosto.
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As mesas tenham espaço para pernas e braços.
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Haja suporte para monitores em altura ergonômica.
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O trabalhador tenha liberdade de movimento.
A substituição por mobiliário corporativo ergonômico adequado pode resolver grande parte dos problemas detectados na AET.
AET e Ergonomia Cognitiva
A ergonomia cognitiva também faz parte da AET, pois avalia:
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Carga mental exigida.
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Excesso de informações simultâneas.
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Tomada de decisão sob pressão.
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Nível de atenção sustentada.
Esses fatores impactam diretamente na segurança operacional, especialmente em áreas como control rooms, transporte, saúde e tecnologia.
Exemplos de Medidas Corretivas
Com base nos achados da AET, são propostas ações corretivas e preventivas, como:
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Redesenho de postos de trabalho.
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Implantação de pausas ergonômicas.
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Treinamentos de postura e alongamento.
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Adequação de iluminação e climatização.
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Automação de tarefas repetitivas.
Conclusão: A Importância Estratégica da AET
Mais do que uma exigência legal, a Análise Ergonômica do Trabalho é uma ferramenta estratégica de gestão. Quando aplicada corretamente, ela reduz custos com afastamentos, melhora a produtividade e fortalece a imagem da empresa como empregadora responsável.
Além disso, a AET contribui para a sustentabilidade organizacional, ao preservar o capital humano e promover ambientes de trabalho mais justos e saudáveis.