Lei Anticorrupção: Guia Completo da Lei 12.846/2013 no Brasil

Lei Anticorrupção Brasil: entenda a Lei 12.846/2013, compliance, responsabilidade objetiva e como proteger sua empresa. Guia 2025.

Autora do Glossário de Móveis de Corporativo
Escrito por: Francine Panigassi
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Revisado em: 15/08/2025
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A Lei Anticorrupção é a legislação brasileira nº 12.846/2013 que responsabiliza empresas por práticas corruptivas contra órgãos públicos. Ela estabelece que as empresas podem ser punidas com multas de até 20% do faturamento bruto, suspensão de atividades e até dissolução por atos como pagamento de propina, fraudes em licitações ou qualquer vantagem indevida oferecida a agentes públicos. 

A lei funciona com responsabilidade objetiva, ou seja, a empresa responde pelos atos corruptos mesmo que a direção não tenha conhecimento, incentivando a criação de programas de compliance que abrangem desde questões anticorrupção até compliance trabalhista, garantindo conformidade legal em todas as áreas da organização e protegendo a empresa contra diversos tipos de riscos regulatórios.

A Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/2013) representa um marco fundamental no combate à corrupção empresarial no Brasil. Conhecida também como Lei da Empresa Limpa, esta legislação estabelece a responsabilidade objetiva de empresas por atos lesivos contra a administração pública nacional e estrangeira.

Sancionada em 2013 e regulamentada em 2015, a lei transformou o cenário empresarial brasileiro ao criar um sistema rigoroso de responsabilização de pessoas jurídicas envolvidas em práticas corruptivas.

Principais tópicos abordados neste guia:

  • Conceitos fundamentais da Lei Anticorrupção
  • Atos lesivos previstos na legislação
  • Responsabilidade objetiva das empresas
  • Sanções e penalidades aplicáveis
  • Programas de compliance e integridade
  • Acordo de leniência e colaboração premiada
  • Como implementar compliance empresarial

O que é a Lei Anticorrupção: Definição e Objetivos

A Lei Anticorrupção brasileira estabelece a responsabilidade administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública. Diferentemente da responsabilização criminal individual, esta lei foca na empresa como ente responsável por práticas corruptivas.

O principal objetivo da legislação é criar um ambiente empresarial mais íntegro, desestimulando práticas corruptivas através de sanções severas e incentivando a adoção de programas preventivos de compliance.

A Lei Anticorrupção representa uma mudança paradigmática na cultura empresarial brasileira.

Atos Lesivos Previstos na Lei Anticorrupção

A legislação estabelece duas categorias principais de condutas que configuram atos lesivos contra a administração pública, cada uma com características e penalidades específicas.

Atos contra a Administração Pública Nacional

Incluem promessa, oferta ou entrega de vantagem indevida a agente público, financiamento ou custeio de atos ilícitos, utilização de pessoa física ou jurídica para ocultar interesses, e frustração do caráter competitivo de procedimentos licitatórios.

Estes atos abrangem tanto a corrupção ativa quanto condutas que prejudicam a lisura dos processos administrativos e licitatórios.

Atos contra a Administração Pública Estrangeira

A lei também criminaliza atos lesivos praticados contra administrações públicas estrangeiras, incluindo promessa, oferta ou entrega de vantagem indevida a agente público estrangeiro ou pessoa relacionada.

Esta disposição alinha o Brasil aos padrões internacionais de combate à corrupção, especialmente às convenções da OCDE e ONU.

Responsabilidade Objetiva na Lei Anticorrupção

Um dos aspectos mais rigorosos da Lei Anticorrupção é a adoção do regime de responsabilidade objetiva para pessoas jurídicas.

Isso significa que a empresa pode ser responsabilizada independentemente da comprovação de culpa ou dolo, bastando a demonstração do nexo causal entre a conduta lesiva e o dano causado à administração pública.

A responsabilidade objetiva torna essencial a implementação de programas preventivos robustos.

A empresa responde pelos atos praticados por seus funcionários, representantes ou qualquer pessoa que atue em seu nome ou benefício, mesmo que sem autorização expressa da administração.

Sanções e Penalidades da Lei Anticorrupção

A legislação prevê sanções administrativas e judiciais que podem comprometer significativamente a continuidade dos negócios empresariais.

As penalidades administrativas incluem multa de 0,1% a 20% do faturamento bruto do último exercício e publicação extraordinária da decisão condenatória. Já as sanções judiciais podem resultar em perdimento de bens, suspensão de atividades e dissolução compulsória da empresa.

  • Multa administrativa: entre 0,1% e 20% do faturamento bruto anterior
  • Publicação da condenação: em meios de comunicação de grande circulação
  • Perdimento de bens: confisco de valores e vantagens obtidas ilicitamente
  • Suspensão de atividades: paralisação parcial ou total das operações
  • Dissolução compulsória: extinção forçada da pessoa jurídica
  • Proibição de contratar: impedimento de participar de licitações públicas

As penalidades consideram fatores como gravidade da infração, vantagem auferida, consumação do ato lesivo, grau de lesão, efeito negativo produzido, situação econômica do infrator e cooperação para apuração das infrações.

Programas de Compliance e Integridade

A Lei Anticorrupção incentiva a implementação de programas de integridade como mecanismo de prevenção e mitigação de riscos de corrupção.

Elementos Essenciais de um Programa de Compliance

Um programa efetivo deve incluir comprometimento da alta direção, análise periódica de riscos, código de ética e conduta, políticas e procedimentos específicos, treinamentos periódicos, canais de denúncia e monitoramento contínuo.

A existência e efetividade do programa de integridade podem ser consideradas como fator de redução das penalidades em processos administrativos sancionadores.

Investir em compliance não é apenas cumprimento legal, mas estratégia de proteção empresarial.

Acordo de Leniência na Lei Anticorrupção

O acordo de leniência é um instituto que permite à empresa colaborar com as investigações em troca de benefícios na aplicação das sanções.

Para celebrar o acordo, a empresa deve ser a primeira a manifestar interesse em cooperar, cessar completamente seu envolvimento na infração, admitir sua participação no ato lesivo e cooperar plena e permanentemente com as investigações.

Os benefícios incluem isenção da sanção de publicação extraordinária da decisão condenatória e redução de até dois terços do valor da multa aplicável.

Impactos da Lei Anticorrupção no Ambiente Empresarial

A Lei Anticorrupção transformou significativamente a cultura empresarial brasileira, elevando os padrões éticos e criando maior consciência sobre riscos de integridade.

Empresas de todos os portes tiveram que reavaliar suas práticas, implementar controles internos mais rigorosos e investir em treinamentos específicos. O mercado de compliance cresceu exponencialmente, criando oportunidades para consultorias especializadas.

A legislação também influenciou positivamente a percepção internacional sobre o ambiente de negócios brasileiro, contribuindo para maior credibilidade nas relações comerciais globais.

Como Implementar Compliance Anticorrupção

A implementação de um programa de compliance efetivo requer planejamento estratégico e comprometimento organizacional em todos os níveis hierárquicos.

O processo deve começar com uma avaliação completa dos riscos de integridade específicos do setor e porte da empresa:

Passos para Implementação Efetiva

  • Mapeamento de riscos: identificar processos e relacionamentos de maior exposição
  • Criação de políticas: desenvolver código de ética e procedimentos específicos
  • Treinamento de equipes: capacitar colaboradores sobre práticas anticorrupção
  • Canais de denúncia: estabelecer meios seguros para reportar irregularidades
  • Due diligence: implementar verificações de terceiros e parceiros
  • Monitoramento contínuo: criar controles e auditorias periódicas
  • Governança robusta: definir papéis e responsabilidades claras

A efetividade do programa deve ser constantemente avaliada e aprimorada conforme mudanças na legislação e práticas do mercado.

Desafios na Implementação da Lei Anticorrupção

Apesar dos avanços obtidos, a implementação da Lei Anticorrupção ainda enfrenta desafios significativos no cenário empresarial brasileiro.

Pequenas e médias empresas enfrentam dificuldades devido aos custos de implementação de programas de compliance e falta de conhecimento técnico especializado. A cultura organizacional resistente a mudanças também representa obstáculo importante.

A necessidade de maior harmonização entre órgãos fiscalizadores e clareza sobre critérios de avaliação de programas de integridade também constituem desafios para as organizações.

FAQ - Perguntas Frequentes sobre Lei Anticorrupção

1. Quais empresas devem cumprir a Lei Anticorrupção?

Todas as pessoas jurídicas de direito privado, independentemente do porte, forma de organização ou modelo societário, incluindo empresas individuais de responsabilidade limitada.

2. A empresa pode ser responsabilizada por atos de terceiros?

Sim, a empresa responde por atos praticados por funcionários, representantes, procuradores ou qualquer pessoa que atue em seu nome ou benefício, mesmo sem autorização expressa.

3. É obrigatório ter programa de compliance?

Não é obrigatório, mas a existência de programa efetivo pode reduzir penalidades e demonstrar comprometimento com práticas íntegras.

4. O que caracteriza um programa de integridade efetivo?

Deve incluir comprometimento da alta direção, análise de riscos, políticas claras, treinamentos, canais de denúncia, monitoramento e melhoria contínua.

5. Quais são os benefícios do acordo de leniência?

Isenção da publicação da decisão condenatória e redução de até dois terços do valor da multa, além de evitar sanções mais severas.

6. A Lei Anticorrupção se aplica a atos no exterior?

Sim, a lei abrange atos lesivos praticados contra administração pública estrangeira, alinhando-se aos padrões internacionais anticorrupção.

7. Como denunciar práticas corruptivas?

Através dos canais de denúncia da própria empresa, ouvidorias dos órgãos públicos, Controladoria-Geral da União (CGU) ou Ministério Público.

Leituras Relacionadas

Para aprofundar conhecimentos sobre integridade empresarial, sugerimos:

  • Compliance Empresarial - estruturas e metodologias para programas de integridade
  • Lei de Improbidade Administrativa - responsabilização de agentes públicos por atos ímprobos
  • Governança Corporativa - princípios e práticas para gestão empresarial transparente
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