Guia Definitivo sobre o Método RULA (Rapid Upper Limb Assessment)

Avalie riscos ergonômicos com precisão usando o método RULA. Veja como aplicar, interpretar os escores e corrigir posturas críticas. Confira!

Escrito por: Francine Panigassi
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Revisado em: 14/05/2025
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Guia Definitivo sobre o Método RULA (Rapid Upper Limb Assessment)

Introdução ao RULA

O RULA (Rapid Upper Limb Assessment) é um método ergonômico desenvolvido por Lynn McAtamney e E. Nigel Corlett em 1993 na Universidade de Nottingham, Reino Unido. Ele foi criado com o objetivo de avaliar a exposição postural a riscos relacionados a distúrbios musculoesqueléticos (DME) nos membros superiores, pescoço e tronco durante atividades ocupacionais.

Trata-se de uma ferramenta rápida, sem necessidade de equipamentos sofisticados, que fornece uma pontuação que ajuda a determinar o nível de ação corretiva necessário com base na postura corporal, força muscular e carga estática ou dinâmica. É amplamente utilizado em ergonomia ocupacional, design de postos de trabalho, reengenharia de tarefas e prevenção de lesões ocupacionais.


Fundamentação Técnica do RULA

O RULA baseia-se em princípios biomecânicos e fisiológicos que correlacionam posturas inadequadas e sobrecarga biomecânica com o risco de desenvolvimento de DME. A ferramenta considera os seguintes aspectos:

  • Postura articular: ângulos dos braços, antebraços, punhos, pescoço, tronco e pernas.

  • Carga e força muscular: intensidade de força aplicada durante a tarefa.

  • Repetitividade e duração: frequência e tempo de manutenção das posturas.

  • Carga estática: posturas mantidas por tempo prolongado.

  • Atividade muscular: nível de esforço físico necessário para a tarefa.


Estrutura e Componentes da Avaliação

A avaliação RULA é dividida em dois grupos principais:

Grupo A:

Avalia braço superior, antebraço e punho (membros superiores).

Grupo B:

Avalia pescoço, tronco e pernas.

Cada grupo passa por uma sequência de análise dividida em etapas:


Etapas da Aplicação do RULA

1. Observação da Tarefa

O avaliador deve observar uma tarefa representativa da atividade ocupacional, preferencialmente uma que seja crítica ou repetitiva. A observação pode ser direta ou baseada em fotos e vídeos.

2. Determinação da Postura

Para cada parte do corpo (braço, antebraço, punho, pescoço, tronco, pernas), identifica-se a postura adotada, baseada em ângulos de flexão, extensão, desvio radial/ulnar, torção, inclinação lateral e rotação.

3. Atribuição de Escore

A partir de tabelas específicas (conforme o protocolo original), atribuem-se escores parciais a cada articulação. Os principais critérios incluem:

Grupo A (Parte 1):

  • Braço superior: posição em relação ao tronco (flexão, abdução, elevação).

  • Antebraço: grau de flexão.

  • Punho: posição neutra, desvio e rotação.

Também são consideradas ajustagens nos escores:

  • Suporte de braço.

  • Carga manipulada (>2 kg).

  • Desvio ou torção do punho.

Grupo B (Parte 2):

  • Pescoço: flexão, extensão e inclinação.

  • Tronco: inclinação anterior, lateral e torção.

  • Pernas: suporte simétrico, estabilidade.

4. Cálculo do Escore Final

Cada grupo (A e B) resulta em um escore intermediário, que, por sua vez, é combinado com fatores de carga/força para se obter o escore final RULA, que varia de 1 a 7:

Escore FinalNível de AçãoInterpretação
1 ou 2Nível 1Postura aceitável, se não for mantida ou repetida por longo tempo
3 ou 4Nível 2Investigação adicional pode ser necessária
5 ou 6Nível 3Investigação necessária e mudanças requeridas rapidamente
7Nível 4Mudanças imediatas são obrigatórias

Aplicação Prática

Exemplo de Aplicação

Imagine um operador de produção que utiliza uma furadeira manual:

  • Braço elevado a 90°: escore 3.

  • Antebraço flexionado a 100°: escore 2.

  • Punho em desvio ulnar e rotação: escore 3 com ajustes.

  • Pescoço inclinado e rotacionado: escore 3.

  • Tronco inclinado para frente: escore 3.

  • Pernas com apoio instável: escore 2.

Após atribuir todos os escores e aplicar os ajustes conforme as tabelas de decisão, o escore final pode chegar, por exemplo, a 6, indicando ação corretiva urgente.


Vantagens do Método RULA

  • Rápido e de fácil aplicação, mesmo sem instrumentos de medição complexos.

  • Adequado para tarefas repetitivas e posturas estáticas.

  • Permite priorizar intervenções ergonômicas de forma objetiva.

  • Pode ser utilizado como parte de auditorias de ergonomia.


Limitações do RULA

  • Foco exclusivo nos membros superiores e tronco, não contempla membros inferiores de forma aprofundada.

  • Baseado em avaliação estática, não considera dinamismo e variabilidade postural ao longo da jornada.

  • Subjetividade na observação e classificação postural, exigindo treinamento do avaliador.

  • Não substitui métodos mais complexos como OWAS, REBA ou Análise Biomecânica com EMG.


Comparação com Outros Métodos

MétodoFocoAplicação Ideal
RULAMembros superiores e troncoTarefas repetitivas, escritório, linhas de montagem
REBACorpo inteiroSetores industriais e serviços com posturas variadas
OWASPosturas geraisAtividades com levantamento de cargas
NIOSHLevantamento de cargasManuseio manual de materiais

Digitalização e Ferramentas Tecnológicas

Hoje, o RULA pode ser aplicado com softwares de análise ergonômica e aplicativos móveis, que facilitam o cálculo e reduzem erros de interpretação. Alguns exemplos:

  • ErgoIntelligence

  • ErgoPlus

  • Kinovea (análise postural em vídeo)

  • Motion capture com IA

Além disso, há integração com sistemas de realidade aumentada (AR) e inteligência artificial (IA) para análises mais detalhadas e automatizadas.


Conclusão

O RULA é uma ferramenta essencial na caixa de ferramentas do ergonomista. Embora simples, oferece uma análise poderosa dos riscos posturais que contribuem para o surgimento de distúrbios musculoesqueléticos, especialmente nos membros superiores. Para garantir sua eficácia, recomenda-se que sua aplicação seja feita por profissionais capacitados, e que os resultados sirvam como ponto de partida para intervenções ergonômicas eficazes.

A adoção do RULA como parte de um programa sistemático de ergonomia pode gerar benefícios significativos para a saúde ocupacional, reduzir absenteísmo, aumentar a produtividade e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores.

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